Brasil e EUA têm inúmeras diferenças e semelhanças; Bolsonaro e Trump também as têm. No que tange às semelhanças, vou me restringir a apenas uma dúzia delas:
- Representam um sentimento de saturação com o “politicamente correto”;
- São personalidades demais controversas, líderes de um populismo de direita;
- Rebatem a imprensa sem receio e de igual para igual;
- Transmitem suas mensagens de modo simples, claro e objetivo;
- Se apresentam como independentes e destemidos agentes de mudança;
- Abraçam sem constrangimentos suas posições mais polêmicas;
- Levantam a bandeira de defensores da família tradicional;
- Expressam repúdio às desordens civis e defendem medidas duras para a prevalência da lei e da ordem;
- Se comprometem a restaurar a honestidade na política;
- Priorizam manter o alto entusiasmo dos seguidores, não se importando em serem superficiais;
- Se colocam como líderes sinceros e genuínos, que falam na lata suas opiniōes;
- Tiram proveito de um envelhecimento cronológico e mental de vários líderes politicos nacionais.
Bolsonaro parece ter compreendido—assim como Trump o fez—que esse conjunto acima gera profunda admiração e lealdade suprema por parte dos seguidores; e isso nos leva a duas observações.
Um, parte desses admiradores-seguidores votarão em segredo a fim de evitar possível condenação social. Isso fará com que Bolsonaro tenha mais votos do que as pesquisas demonstrarão.
Dois, iludidos os que acham que o índice de rejeição dele é a certeza de que seu teto o excluirá do páreo. Representando a indignação de admiradores-seguidores leais e eufóricos, Bolsonaro precisa apenas repetir Trump e sua estratégia que batizei de “100% de seus 100%”.
Morando na capital dos EUA, eu vivi cada um dos 511 dias da campanha de Donald Trump para Presidente. Me lembro bem quando a mídia, os especialistas liberais, o Presidente Obama e todos os Democratas elegeram Trump como o candidato Republicano perfeito para ser esmagado pela 1a mulher Presidente. Com o andar da carruagem, a galhofa geral virou reflexão, daí preocupação, depois medo, seguido pelo pânico. O resultado nós conhecemos.
Aqui no nosso querido Brasil, o retrato acima me parece que será suficiente para fazer Bolsonaro subir a rampa do Palácio do Planalto. Por outro lado, se, de fato, via de regra nós nunca sabemos ao certo o que vai acontecer; uma coisa eu afirmo com plena convicção: os especialistas estão constantemente errados. Uma das razōes para isso é o que em inglês se chama “confirmation bias”—e um salutar antídoto para essa armadilha psicológica é assumir um “beginner’s mindset”. Humildade é imperativo, sempre!