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9 dias após Bolsonaro virar Presidente, os EUA vão às urnas!

Todo ano que Deus dá tem eleições nos EUA!

Nos anos ímpares, ocorrem as eleições fora de ano (off-year elections); enquanto nos anos pares acontecem as eleições gerais (general elections).

Quando essas últimas são realizadas no meio dos mandatos presidenciais, são denominadas exatamente de eleições de meio de mandato (midterm elections). Em 2018, além de várias eleições especiais, as “midterm elections” contemplam disputa para: 36 dos 50 governos estaduais; 33 dos 100 Senadores; todos os 435 Deputados Federais; e cinco dos seis Delegados sem direito a voto na Câmara Federal, incluindo Washington, D.C.

Tais eleições são como que um referendo ao atual ocupante do Salão Oval. Quando Barack Obama se candidatou a presidente em 2008, o Partido Democrata tinha maioria na Câmara e no Senado, e ambas foram perdidas ao longo de seu mandato: a maioria da Câmara foi perdida na eleição de meio de mandato de 2010, e a do Senado foi perdida na “midterm election” de 2014. Ao final da era Obama, os Democratas estavam reduzidos à menor minoria parlamentar desde 1929.

Agora na primeira “midterm election” da era Trump, os resultados mostram um cenário semelhante à primeira da era Obama. Embora os Democratas esperassem um tsunami azul que levasse o partido ao controle das duas Casas do Congresso, o que ocorreu foi uma pequena onda, mas suficiente para assegurar aos Democratas a importantíssima maioria na Câmara dos Deputados.

Digo “pequena onda” porque o fato é que ao pesquisarmos todas as “midterm elections” desde a gestão do presidente que durante mais tempo serviu aos americanos, FDR, de 1933 a 1945, vamos identificar que o partido do presidente perdeu espaço no legislativo federal em mais de 90% das vezes, tendo sido em média quatro Senadores e 30 Deputados. Em 2018, o partido do presidente Trump perdeu um número próximo a esse de Deputados – o que ainda será contabilizado de modo definitivo, e que certamente trará muita dor de cabeça ao presidente. Contudo, no que tange ao Senado, a maioria Republicana foi no mínimo mantida, e possivelmente ampliada.

Existe um outro elemento bastante distinto na “midterm election” que acaba de ocorrer. Ou seja, para além de ter sido a mais cara da história (o “Center of Responsive Politics” projeta um total de US$ 5,2 bilhões – e os ricos apoiadores Democratas são os principias responsáveis por este número); e também para além de ter tido um altíssimo comparecimento (segundo o “United States Elections Project” mais de 39 milhões de votos já haviam sido depositados antecipadamente até a segunda dia 5 à noite); se soma aos dois fatores destacados algo ainda mais inusitado: essa eleição contou com a ativa participação de um ex-presidente.

Barack Obama fez campanha com uma desenvoltura estonteante; e atacou o presidente Trump com um vigor juvenil.

Ao fazer isso, o ex-presidente Democrata desconsiderou uma tradição da democracia americana, que impunha uma saudável circunspecção aos presidentes que haviam deixado o cargo – tradição essa, aliás, que Obama foi um enorme beneficiário.

Sim, pois seu antecessor, o Republicano George W. Bush, manteve um silêncio sepulcral durante a administração Barack Obama. Bush 43, como é coloquialmente chamado, foi inúmeras vezes incentivado à criticar Obama e suas políticas, mas nunca o fez. E o próprio Bush 43 deixou muito claro o que motivou sua atitude: “Eu não acho que é bom para o país ter um ex-presidente minando um atual presidente. Eu acho que é ruim para a instituição Presidência da República.”

Barack Obama não teve para com o seu sucessor, Donald Trump, a mesma cordialidade que desfrutou do seu antecessor, George W. Bush. Assim, se por um lado acredito que a conduta de Obama gerou sim benefícios eleitorais para os Democratas; por outro lado, igualmente acredito que não gerou benefícios para a solidificação de valores fundantes da Democracia dos EUA.

EDUARDO DIOGO, 7 de novembro de 2018, às 01:25h