A pandemia de Covid-19 deixa marcas duradouras e profundas nas mais diferentes atividades humanas. A expansão das compras on-line, do home office, o ensino a distância em todas as faixas etárias…Essas e outras mudanças se incorporaram ao dia a dia de pessoas e instituições. De todos os setores, um dos que sofreu, provavelmente, as maiores transformações tenha sido o mundo do trabalho. As nuances impostas em decorrência da presença do vírus intensificaram as novas formas de trabalho e provocaram uma explosão de fenômenos, como por exemplo, freelancers.
Um estudo realizado no mercado norte-americano (Upwork – Set/2020) estima que já existam, naquele país, mais de 60 milhões de profissionais atuando nesse regime. Esse contingente representa cerca de um terço da respectiva mão de obra e marca um crescimento de 22% quando comparado ao ano anterior. Até o ano de 2030, segundo as estimativas da mesma organização, os profissionais freelancers devam representar nada menos que 80% de toda a força de trabalho dos Estados Unidos. No Brasil, esse fenômeno pode ser comparado à explosão no surgimento de novos Microempreendedores Individuais (MEI). De acordo com o levantamento do Sebrae, em 2020 foi registrada a abertura de 2,6 milhões de novas empresas com esse regime de tributação. Atualmente, o país já conta com mais de 13,6 milhões de MEI ativos.
Outra transformação acelerada pelas mudanças provocadas pela pandemia foi a velocidade com que a automação se integrou aos mais diferentes setores da economia. Dados do Fórum Econômico Mundial indicam que a introdução de novas tecnologias deve extinguir 85 milhões de empregos nos próximos cinco anos. Enquanto isso, no Brasil, um dos grandes desafios enfrentados é: como preparar nosso povo, principalmente os jovens, para esse novo mundo do trabalho?
A resposta é que não há como falar sobre o futuro sem falar de empreendedorismo. Essas intensas transformações vividas nas últimas décadas e impulsionadas desde 2020 vão levar a profundas mudanças no conceito do emprego, tal como o conhecíamos no século XX. Portanto, o empreendedorismo se consolida cada vez mais como uma real alternativa de carreira profissional. Um antigo sonho do jovem de seguir uma carreira numa empresa se transformou em criar seu próprio negócio.
O Sebrae, que completa 50 anos em 2022, defende, ao longo da sua história, que o empreendedorismo é a principal forma de inserção produtiva das pessoas no mercado. O Sebrae é o ‘’S’’ do empreendedorismo. O país tem atualmente cerca de 43 milhões de empreendedores, e quase 86,5 milhões de brasileiros vivem – direta ou indiretamente – graças à renda gerada pelos pequenos negócios. Esse contingente equivale à população de países como a Alemanha e é superior ao total de habitantes da Tailândia, França, Reino Unido, Itália, África do Sul e Argentina.
O crescente interesse dos brasileiros pelo empreendedorismo tem sido constatado em pesquisas anuais realizadas pelo próprio Sebrae. Em 2015, ser dono do próprio negócio era o quarto sonho mais almejado pela população de 18 a 64 anos. No ano passado, esse desejo foi para a terceira colocação, acima inclusive do sonho de construir uma carreira em uma empresa.
As mudanças que ocorreram na legislação nos últimos anos melhoraram o ambiente de negócios e facilitaram o processo de abertura de empresas, gerando uma desburocratização geral. Não à toa o país bateu recorde, em 2021, na abertura de empreendimentos com mais de 3,9 milhões de novos pequenos negócios, um crescimento de 19,8% em relação ao ano anterior.
O grande mestre Albert Einstein dizia que somente quando aceitamos os nossos limites é que podemos superá-los. E o primeiro passo para isso é entender e compreender para então, superá-los. Nesse sentido, sabemos que ainda há muito para ser feito no nosso Brasil. Temos que melhorar nossa posição no ranking de países que mais estimulam e promovem o empreendedorismo e temos de aumentar a competitividade das nossas empresas. Mas o importante, também, é reconhecermos e celebrarmos os avanços já conquistados, afinal, somente em 2021, mais de 3,9 milhões de novos negócios foram formalizados como Micro e Pequenos Empreendedores Individuais (MEI). Esse volume, quase 20% maior do que o ano anterior, confirma que o brasileiro está disposto, cada vez mais, a superar suas limitações e escrevermos, todos juntos, uma nova história.